A quarentena está destruindo negócios e tirando vidas!
- sitetis web
- 20 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de mai. de 2020

A Pesquisa Covid-19
A pesquisa Covid-19 e os impactos econômicos nos pequenos negócios de Minas Gerais, realizada pela Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, mostra que 89% dos pequenos negócios do estado foram afetados pela instabilidade econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.
Os efeitos imediatos da crise sobre os empreendimentos são a redução do faturamento e dos lucros, além do aumento do endividamento, das despesas e dos custos.
A pesquisa ouviu 534 empreendedores de micro e pequenas empresas do estado, dos segmentos do comércio, serviços e da indústria. As entrevistas foram realizadas entre os dias 27 de março e 1º de abril. A margem de erro da pesquisa é de 4,1% e o nível de confiança é de 95%.
Outros números da pesquisa
Sete em cada 10 empreendimentos de micro e pequeno portes de Minas Gerais estão se mantendo em atividade, mesmo que de forma parcial.
Entre os empreendimentos que estão parados, 72% estão com as atividades temporariamente suspensas em função de decreto governamental.
65% dos entrevistados acreditam que a recuperação econômica brasileira deve demorar, em média, nove meses.
44% dos empreendedores afirmaram estar aptos a realizar suas atividades de forma remota, mesmo que parcialmente.
18% dos entrevistados alegou não contar com sistema tecnológico adequado para atender os clientes remotamente.
O impacto da pandemia entre pequenas empresas poderá ter amplas consequências para a economia nacional. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado no Brasil.
São consideradas pequenas, no setor de serviços e comércio, firmas com até 49 funcionários.
Um escritório de contabilidade no centro de São Paulo disse à BBC News Brasil que, desde a última terça-feira, foi procurado por 30 empresas que buscavam serviços para demitir funcionários, reduzir honorários ou adiantar férias.
Segundo o escritório, os pedidos de cortes drásticos dos últimos dias equivalem à demanda que eles costumam atender ao longo de um ano inteiro.
Na mesma Vila Madalena onde Yuri Bennesby abriu sua hamburgueria, pequenos empresários têm compartilhado em um grupo de WhatsApp suas angústias em relação à crise.
"Grandes empresas vão sentir o baque, mas não vão falir. Eu vou à falência, sinto muito!", diz a mensagem enviada por uma comerciante local.
Dono de uma cervejaria artesanal, Hector Aguilera diz que a crise provocará "um tsunami horroroso" no bairro. "A maioria dos pequenos restaurantes não vai sobreviver", prevê.
Ele conta que comerciantes que já decidiram fechar as portas estão usando o grupo para vender móveis a lojas vizinhas.
Na periferia de São Paulo, alguns comerciantes têm adotado estratégias para driblar a quarentena e conseguir obter algum dinheiro.
É o caso de uma manicure que abriu um salão de beleza no Itaim Paulista, extremo leste da cidade, há quatro meses.
Após a ordem do governo, ela fechou as portas, mas por conta do desespero ainda tem recebido clientes com hora marcada. Mesmo assim, afirma que a procura tem sido insuficiente para pagar o aluguel do espaço.
"Eu pensei em fechar definitivamente, mas eu tenho dívidas para pagar. Estamos fazendo uma reforma em casa e fizemos dívidas", afirma.
A comerciante diz ter poucas esperanças de que o negócio, localizado em uma das regiões mais pobres da cidade, sobreviva à crise causada pelo coronavírus.
"Eu vou atender até quando eu puder", diz.
Alternativas para sobreviver
Ao mesmo tempo em que calculam os prejuízos com a crise, vários pequenos empresários buscam formas de se manter.
Na Vila Madalena, uma doceria se aliou a uma hamburgueria para oferecer combos de seus produtos em aplicativos de entrega.
Na Vila Mariana, zona sul, o Astronauta Café fez uma vaquinha online para arrecadar dinheiro e manter a empresa aberta, mas fornecerá o produto aos clientes só após a crise.
As opções vão de um café com pão na chapa por R$ 10 a um pacote de café mais uma ecobag por R$ 50. A meta era arrecadar R$ 2 mil, mas, até o fim da tarde desta quinta-feira (26/02), o valor já ultrapassava R$ 7 mil.
Gerson Higuchi, dono do restaurante Apple Wood Steaks Bar, no Jardim Anália Franco, área nobre da zona leste de São Paulo, diz que seu faturamento despencou 67%.
Para cortar custos, permitiu que seus funcionários tirassem todo o banco de horas acumulados até o fim da crise, cancelou o serviço de vallet e desligou a câmara congelada do espaço.
Como vários restaurantes, Higuchi reestruturou o negócio para atender apenas por delivery.
"Não adianta dizer que é na crise que vou ganhar dinheiro. É hora de se ajudar. Se todo mundo se apoiar, a gente supera esse momento. Eu só quero sobreviver", afirma.
Para o coordenador do MBA de marketing digital da FGV e mestre em administração pelo Ibmec Andre Miceli, o momento exigirá calma e criatividade dos comerciantes.
"Vai ter gente que vai quebrar. Vamos viver um momento confuso, mas existem oportunidades que se apresentam. Restaurantes vão usar serviços de entrega, lojas migrarão para o comércio eletrônico. Alguém vai sustentar o consumo durante esse isolamento, e o pequeno comerciante precisa pensar como ele vai aproveitar esse espaço", afirmou. Fonte: bbc.com
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